quinta-feira, setembro 11, 2008

A experiência científica do século

 
Um evento simulado no detector de CMS, com o aparecimento do Bosão de Higgs.


A primeira tentativa de fazer circular um feixe de milhões de protões no acelerador LHC, o mais potente do mundo, começou às 08h30 de Lisboa (07h30 GMT), no Laboratório Europeu de Física de Partículas (CERN). Minutos depois efectuou-se uma segunda tentativa de injectar protões, informaram responsáveis do CERN.


O objectivo é conseguir que as partículas dêem uma volta completa ao enorme túnel de 27 quilómetros que constitui o Grande Acelerador de Hadrões (LHC na sigla inglesa), antes de realizar experiências com colisões de protões, para tentar identificar novas partículas elementares.


Mas afinal que estou eu a falar? Não leram o "Anjos e Demónios" do Dan Brown? Bem...


O LCH é um projecto gigantesco que juntou milhares de cientistas do mundo durante mais de 20 anos, e que procura simular os primeiros milésimos de segundo do Universo, há cerca de 13,7 mil milhões de anos atrás.


Desde 1996, o CERN construiu, a 100 metros debaixo da terra, perto de Genebra, na Suíça, um anel de 27 quilómetros, arrefecido durante dois anos para atingir 271,3 graus negativos. À volta deste anel estão instalados quatro grandes detectores, no interior dos quais vão produzir-se colisões de protões numa velocidade próxima da da luz.


Em plena força, 600 milhões de colisões por segundo irão gerar uma floração de partículas tal como aconteceu no início do mundo, algumas das quais nunca puderam ser observadas. No entanto, só daqui a alguns meses, quando se comprovar a evolução do funcionamento, é que haverá colisões de partículas e estarão criadas as condições para o estudo de novos fenómenos, através da recriação das condições que se produziram instantes depois do Big Bang.


O objectivo final desta grande experiência é poder dar resposta a muitas perguntas sobre a origem do Universo, entender por que a matéria é muito mais abundante no Universo do que a anti-matéria, e chegar a descobertas que mudarão profundamente a nossa visão do Universo.


Uma das aspirações dos cientistas é encontrar o hipotético bosão de Higgs, carinhosamente chamada de "particula de Deus", uma partícula que nunca foi detectada com os aceleradores existentes, muito menos potentes que o LHC. O Bosão de Higgs é uma partícula elementar escalar maciça hipotética predita para validar o modelo padrão actual de partícula, sendo a única do modelo padrão que ainda não foi observada. A se comprovar a sua existência, representará a chave para explicar a origem da massa das outras partículas elementares, confirmando a teoria de que a origem do Universo foi uma grande explosão.


Todas as partículas conhecidas e previstas são divididas em duas classes: fermiões (partículas com spin da metade de um número ímpar) e bosões (partículas com spin inteiro). As massas da partícula elementar e as diferenças entre o electromagnetismo (causado pelo fotão) e a força fraca (causada pelos bosões de W e de Z), são críticas em muitos aspectos da estrutura da matéria microscópica e macroscópica; assim se existir, o bosão de Higgs terá um efeito enorme no mundo em torno de nós.


E não me aventuro mais, porque o resto é demasiado complicado. Recomendo duas leituras fáceis: "A Fórmula de Deus", de José Rodrigues dos Santos, e a "Uma Breve História De Quase Tudo", de Bill Bryson. Seja como for, esta é considerada pelos especialistas, a experiência científica do século! Aguardemos pelas suas revelações. Isso, ou sermos engolidos por um buraco negro criado pelo LCH (o que não me parece muito agradável).

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